Em Angola, a convite de artistas angolanos, foi recebida pelo ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Zau, com o qual abordou aspetos ligados à cultura entre os dois países.
"O ministro é uma pessoa afável, extremamente culta, uma pessoa que está muito comprometida com todo este processo de libertação", referiu Chiziane.
Segundo a escritora, os povos africanos receberam uma terra livre "porque outros morreram por ela".
"Criaram-se instituições nos nossos governos e estas instituições tentam fazer alguma coisa, mas, claro, quem faz a revolução não é o Governo é o seu povo, então ao sermos recebidos como artistas por um alto dignitário do Governo é motivo de muita alegria e honrou a nossa presença aqui em Angola, sentimos muito bem acolhidos, sentimos amados e juntos voltamos a sonhar com uma África mais livre, tal como os nossos ancestrais sonhavam", frisou.
Para Paulina Chiziane, há uma geração nova e, por isso, com os seus 66 anos lida com jovens artistas, a maior parte cantores, alguns poetas, "porque é preciso criar esta ponte entre o passado e o futuro, é preciso deixar um legado de alguma forma".
A romancista referiu que se deslocou a Angola a convite de dois jovens artistas angolanos, o cantor Yuri da Cunha e o pensador e 'rapper' Isidro Fortunato, amigos com os quais vem trabalhando há bastante tempo.
"Um dos meus livros que vai ser lançado aqui em Angola foi musicado por um grupo de jovens músicos em Moçambique, porque, para nós os africanos, o livro é elitista, isto é, só lê um livro quem tem dinheiro para comprar, quem frequentou uma escola, mas a música mesmo que eu não tenha dinheiro para pagar a música, se é colocada na casa do vizinho, a mensagem passa e eu consigo escutar", salientou.
Por isso, prosseguiu, numa certa fase da sua carreira optou por escrever textos que hoje são musicados por jovens artistas moçambicanos.
"Yuri da Cunha é músico e quem sabe um dia poderemos trabalhar em parceria, eu escrevendo, ele cantando, se bem que eu também gostaria de cantar", disse.